Instituto Pensar - Coordenador da Conaq critica abandono de quilombolas em meio à pandemia

Coordenador da Conaq critica abandono de quilombolas em meio à pandemia

por: Mônica Oliveira


Quilombolas sofrem com o abandono governamental na pandemia, critica Denildo Rodrigues de Moraes, coordenador do Conaq. Foto: Reprodução.

A letalidade da Covid-19 entre quilombolas avança e, apenas na Amazônia chega a 17%, um percentual acima da média mundial. O dado do boletim epidemiológico da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), divulgado na terça-feira (8), é mencionado em artigo de Denildo Rodrigues de Moraes, coordenador da organização, publicado pelo O Globo.

De acordo com o monitoramento, realizado até o último dia 4 de setembro, foram confirmados 4.541 casos da doença e 156 óbitos de quilombolas no país.

Moraes responsabiliza os governos pelo alastramento do novo coronavírus nesses territórios e denuncia o abandono dessas populações. Denildo afirma que sequer foi incluída no senso 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o coordenador, a invisibilidade da doença nos quilombos revela uma situação potencialmente drástica, que não tem recebido a atenção devida das autoridades públicas e dos meios de comunicação dominantes.

"Sete em cada dez infectados e mortos pela Covid-19 são pretos?, destaca ao citar números do próprio Ministério da Saúde, que para ele são sub-notificados: "Muitas secretarias municipais deixam de informar quando a transmissão da doença e morte ocorre entre pessoas quilombolas?, escreve.

Ele lamenta que tantas mortes de quilombolas aconteça no ano que esses povos comemoram a primeira titulação de uma comunidade. "Em novembro próximo, comemora-se os 25 anos da primeira titulação de uma comunidade quilombola. O Quilombo Boa Vista fica na Amazônia paraense; só naquele estado há mais de cem comunidades?, disse.

Semelhante ao que acontece com os dados nacionais da pandemia, com números que ultrapassam 127 mil mortes e 4 milhões de infectados, nos quilombos Brasil afora a Covid-19 deixa vítimas na maior parte dos estados. Os números são: Pará  43 óbitos; Rio de Janeiro 38 óbitos; Amapá 23 óbitos; Maranhão 12 óbitos; Pernambuco 09 óbitos; Espírito Santo 06 óbitos; Bahia 05 óbitos; Goiás 04 óbitos; Ceará  03 óbitos; Piauí 03 óbitos; Santa Catarina 02 óbitos; Rio Grande do Norte 02 óbitos; Mato Grosso 02 óbitos; Amazonas 01 óbito; Paraíba 01 óbito; Tocantins  01 óbito; Alagoas 01 óbito.

Quilombolas e a ausência governamental

A liderança quilombola revela que a ausência governamental em plena crise sanitária, obriga as instituições representativas a recorrerem à Justiça, "para que o Estado cumpra o seu dever de cuidar de nós durante a pandemia. É um tempo que custa vidas e que pode sair caro para o país?.

Em seu texto, Denildo ainda exalta aspectos ancestrais, históricos, culturais e econômicos dos quilombos para o país e reitera o direito territorial de povos originários, reconhecido pela Constituição de 1988. Cerca de 214 mil famílias e 1,17 milhão de indivíduos integram comunidades quilombolas no país inteiro.

Confira aqui íntegra do artigo.



0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: